Não tenham medo. Não estamos sós.

Talvez ainda não estejamos preparados para ouvir.

É tempo de parar, observar, sentir… Sentir? Sim. Quantos de nós deixaram de sentir há tanto tempo… passamos essencialmente a “pensar” tudo, incluindo a própria vida. E nesse estado de “tudo pensar”, só há um resultado: a mente, o ego toma conta de nós e surge a ansiedade, o medo do futuro, o medo do desconhecido, o pânico…

Esta mensagem não pretende ter conotação religiosa, mas sim “humanitária”. Porque quem criou as religiões fomos nós homens. E não há mal nenhum nisso. Mas as pessoas que estiveram nas origens das religiões foram seres humanos como cada um de nós; apenas estavam muito à frente do tempo…

Eu sempre fui educado na religião católica cristã. Hoje sei que não podia ser noutra dado todo o meu passado.

Mas desde pequeno que sabia dentro de mim que Jesus não tinha sido bem aquilo que se falava, nem tinha dito as coisas como muitos diziam, ou melhor, as interpretações nem sempre estavam corretas. Mas isso agora não é importante.

Hoje ganhei coragem para partilhar a experiência que tive há 15 dias, Sábado, dia 21 de Março.

Desde ontem que isso não me sai da cabeça e hoje de manhã acordo e só me aparecem mensagens, vídeos, histórias, a falar da importância de ter Fé em vez de medo. Então aqui vai.

Eram cerca de 7 horas da tarde. Abro o Facebook e encontro a transmissão da Missa em direto da Basílica de Fátima. Apenas o sacerdote, organista e mais duas ou três pessoas a participar e a cantar. Sem perceber porquê, sinto uma atração para continuar a ouvir. Estava no sofá mas entretanto tive de ir para a cozinha fazer o jantar para mim e para os dois filhos. Peguei numa coluna de som e liguei ao telemóvel para ouvir bem a missa enquanto cozinhava.

Sem dar conta chega o momento da Comunhão. Eu estava a mexer a sopa…

O sacerdote diz estas palavras: “convido agora todos que nos seguem através da internet nas suas casas, a unirem-se a nós, em comunhão, neste momento”.

A minha reação foi imediata… viajei no espaço e no tempo e senti-me totalmente em comunhão com aquela cerimónia…

(O que aconteceu a partir daqui foi tão intenso que precisei de 1 hora para digerir e compreender o que se passou).

Comecei a sentir as emoções de milhares, milhões de pessoas. No início eram pessoas que estavam numa Igreja, mas logo se projetou para o mundo inteiro.

Senti primeiro o prazer que sentia e que se sente quando estamos numa cerimónia pública a cantar em assembleia. Eu sei bem o que isso é desde a infância.

Ao mesmo tempo foi como se tudo isso tivesse desaparecido e todas as pessoas foram dominadas por um sentimento de solidão, abandono, que nunca mais voltaríamos a sentir o prazer da união, da comunidade, de estar em família, etc…

Senti o medo, a dor, o caos, o pânico…

Tudo isto, ao mesmo tempo que fui dominado por um choro tão profundo que tive de deixar as panelas e deitar-me no meu quarto, chorando aos soluços, para que os meus filhos não me ouvissem…

Mas antes de ir para o quarto, e sempre a chorar na cozinha, sentindo a dor da separação de tantas pessoas, com o sentimento de que foram abandonadas por Deus, eis que acaba a comunhão, termina a Missa e começo a ouvir o cântico final, que eu conhecia e bem, pois toquei órgão e dirigi o coro da freguesia durante muitos anos.

E foi com esta música que tive de ir para o quarto libertar a dor, o pânico, o medo, que sentia não ser meu… chorei como acho que nunca o tinha feito, ou talvez como uma ou outra vez chorei, pela morte da esposa em 2013.

E precisei de 1 hora para estabilizar e perceber o que tinha acabado de acontecer…
Cerca de 1 mês antes, eu próprio escrevi um texto sobre o que eu sentia ser o meu papel nesta vida. Texto esse que já partilhei há dias e que em pouco difere da mensagem que surgiu no cântico.

Depois de libertar todas as emoções de dor e sentimento de perda, apoderou-se de mim o oposto: a Fé, a esperança, a União, o Amor por tudo e por todos…

Partilho a música e a letra e não digo mais nada.

Hoje de manhã partilhei um vídeo de um Chefe Indígena que dizia: “temos apenas um Criador”. Não podia estar mais de acordo. Uns chamam-lhe Deus, outros Universo, outros Natureza… para mim é tudo o mesmo.

Não estamos sozinhos. Estamos todos unidos e juntos.

A separação é apenas uma ILUSÃO. E vivemos nessa ilusão desde o momento “Adão e Eva”, que outros designam de “Split”, ou “momento da Separação”. Nessa altura todos os seres vivos passaram a ter consciência da existência individual. E todos cometeram a mesma interpretação errada, de que estávamos separados uns dos outros, incluindo da Natureza e do Universo. A verdade é que não estamos. Quem não acredita nisto que comece a observar o mundo com um olhar diferente do que tem feito…